segunda-feira, 31 de março de 2014

Semana HUMANIZA SUS - Desvelando a Violência Obstétrica (mesa redonda)

Para combater uma opressão, é preciso visibilizá-la.
Abrindo a Semana HUMANIZA SUS, é isso que eu e Júlia Morim tentaremos fazer ao facilitar o debate sobre a Violência Obstétrica, que ainda é uma violência contra a mulher invisibilizada em função da força do corporativismo médico, dentre outros fatores culturais pautados em normas patriarcais.
Afinal, por que, no mundo, só as brasileiras não conseguem ter acesso ao parto normal, humanizado, preferencialmente???!!! E por que tantas se queixam do parto (ou não-parto) ter sido uma experiência horrível para elas?

Nosso corpo nos pertente. Nosso parto, consequentemente, segue a mesma linha de raciocínio. O parto é da mulher!
Esta pauta está dentro dos direitos reprodutivos da mulher.
Todxs convidadxs!
Inscrições gratuitas e limitadas através do site. Acesse: www.grupocefapp.com.br/evento.php?id=43
Segue abaixo a programação completa da Semana Humaniza SUS:

quinta-feira, 27 de março de 2014

"Quarta passada eu dei uma voadora no sistema cesarista e episiotomista"

"Quarta passada eu dei uma voadora no sistema cesarista e episiotomista.
Pari no IMIP, de forma natural, e respeitosa.
Fui para a 1ª triagem ás 09:30h (depois de ter pego engarrafamento no caminho Ibura/IMIP, e chegado lá por volta das 09:00h), na 2ª triagem, uma médica contou as contrações e me deu o toque, estava com 4 para 5 de dilatação, e por volta das 10:30h, logo depois do toque a bolsa estourou. Demorou um pouco pra fazer a ficha de internamento. Eram questionários infinitos.

Fui encaminhada ao PPP, depois que cheguei lá, levei mais um toque e estava com 7 cm de dilatação. Elis nasceu ás 14:10h, na banqueta de parto, com 2.910 kg, Apgar 9 e 9.

Não teve ocitocina sintética, não teve episiotomia, nem laceração ou pontos.
Tive apoio, carinho, teve Deivson (companheiro) me doulando, me pedindo pra respirar, me dando água, deixando que eu o apertasse muito, me dando forças e mandando minhas incertezas pra bem longe
Teve banho quente, bola e rebolados.
Teve gritos, ninguém pra me mandar calar a boca, mas sim concentrar a força do meu grito pra baixo, pois já estava vindo.
Teve um círculo de fogo, uma cabeça molhadinha, e em seguida um corpinho, perninhas e bracinhos abertos, olhinhos brilhando... ahhhh
Não havia uma mãezinha, mas sim uma Aline parindo.



Nossa primeira foto: eu, com cara de assustada, mas feliz, e ela olhando pra tuuudo."

(Por Aline Beltrão)

terça-feira, 25 de março de 2014

Aquela que serve. Com muito amor no coração.

Belo documentário sobre o trabalho das Doulas e suas funções e atribuições em um parto humanizado. Vale bastante à pena assistir.

Amar é...
Ser Doula.

Deliciem-se.


sexta-feira, 21 de março de 2014

Anne, Yanoã e o SUS em que eu acredito

À meia-noite e 5 minutos do dia do mês passado, ou seja, há exatamente um mês atrás, aconteceu um parto natural muito bonito: Anne, uma mulher muito forte, e que estava muito cansada após mais de 20 horas de trabalho de parto (das quais 15 foram parto ativo intra-hospitalares, e sem falar que esse tempo não está considerando os pródromos, que iniciaram na noite anterior), trouxe para nosso mundo Yanoã, que nasceu lindamente, super ativa e foi muito bem recebida neste mundo. Tinha tanta circular de cordão que nem deu para contar, a equipe teve que, literalmente, 'desenrolar' a pequena Yanoã de seu 'cinto de segurança' :). Anne pariu na banqueta de parto, sem absolutamente NENHUMA intervenção. Parabéns, Anne!!! Parabéns, Yanoã!


Tantas circulares de cordão, que parecia um ioiô. :)

Agora a hora do ativismo, depois de ter sido honrada por esta mulher de força para estar junto no nascimento de sua primeira filha: que TODOS os hospitais públicos se adequem à realidade da humanização do parto que já se faz presente no Espaço Aconchego do IMIP, o 'PPP'. O espaço é pequenininho, uma gota de humanização em um oceano de violência obstétrica, mas o espaço está lá, garantido, mostrando serviço. Alguns pequenos ajustes ainda são necessários, mas o caminho já foi aberto. As pessoas que atuam na assistência ao parto lá foram deliciosamente envolvidas pela humanização do parto. E esse caminho é o caminho certo: o caminho de respeito à mulher como uma PESSOA que ela é. Gratidão a Carol, Priscila e tantas outras que mostraram que uma assistência diferenciada e focada no bem-estar da mulher pode ser possível no nosso SUS.



O apoio na triagem do IMIP.

Aos 'episiotomistas' de plantão, gostaria de informar que não, ela não teve uma ~laceração que uniu vagina e ânus~, como gostam de acreditar que SEMPRE acontece em parto normal. Apenas uma pequena laceração de primeiro grau (só mucosa, sem envolvimento muscular), 3 pontinhos apenas, que só foram necessários por causa do sangramento (porque se não estivesse sangrando, essa sutura seria repensada/dispensada). Se fosse feita uma episiotomia 'preventiva', o estrago teria sido MUITO maior, você sabem que quando se envolve músculo a coisa muda de figura. Repensem seus conceitos, por favor, e parem e cortar os períneos das mulheres sem necessidade.



Massagem com bolinha, já no Espaço Aconchego (PPP) do IMIP

Agradecendo profundamente à queridíssima amiga Leila Katz pela disposição em lutar pelos direitos das mulheres no nosso sistema público de saúde, e pela disponibilidade e coração entregues à causa, sempre - e para sempre.




Liberdade de movimentação e escolha
das posições mais confortáveis para ela.

E, principalmente, desejar do fundo do meu coração que todas as usuárias do SUS adquiram o empoderamento que Anne adquiriu. A mulher SABIA o que queria, e isso fez A DIFERENÇA no nascimento de Yanoã. Nós, do Ishtar - Recife, acreditamos que esta mulherada é quem vai fazer a verdadeira revolução da humanização do parto.



Anne bastante serena, em pleno trabalho de parto.

Ainda me emociono com a beleza do momento e com a força de minha querida Anne.



Amamentação na primeira hora

Pois é, NÓS PODEMOS! E podemos pelo SUS!!!


Uma Doula orgulhosa pela certeza da força
intrínseca de todas as mulheres.

Portanto: DEIXEM AS NOSSAS MULHERES PARIREM EM PAZ, POR FAVOR. É SÓ DISSO QUE ELAS PRECISAM: APOIO E SOSSEGO.


A mamãe Anne cansada, orgulhosa, poderosa e feliz.
A filha Yanoã serena, curtindo o calor do contato pele a pele,
que é tudo o que ela precisa neste momento.


Em visita pós-parto, trocamos de filhas por instantes. <3


A pequena Yanoã hoje, completando seu primeiro mês de vida. <3
Aí eu pergunto: Como não morrer de AMOR pelo meu trabalho como Doula?