terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Já passou da hora de CRIMINALIZAR a violência obstétrica.

Vou falar uma coisa importante que, acredito, pouca gente sabe: no CÓDIGO PENAL nós temos subterfúgios para criminalizar profissionais que causem lesões corporais por aceleração de parto. Portanto, vocês, mulheres, que foram submetidas a uma episiotomia ou a uma cesárea agendada sem nenhuma justificativa plausível, vocês que se sentiram violentadas no seu parto, comecem a denunciar na justiça, e não apenas nos corporativistas conselhos de medicina.

Porque sim, estes ato médicos e cirurgias causam SIM lesões corporais, com consequências que podem se arrastar pelo resto da vida dessas mulheres.




Imagem: Google

Não adianta apenas o trabalho de conscientização das mulheres, este trabalho é apenas uma fatia do bolo para que se destrua um sistema obstétrico violento e misógino. É preciso CRIMINALIZAR os agentes ativos de atos médicos que se fantasiam de ~rotinas necessárias~.
Basta estudar um pouco para ver o que é e o que não é indicação REAL de uma cesariana. Basta estudar um pouco para enxergar que a episiotomia é um procedimento mutilante e que foi introduzido na obstetrícia sem nenhum tipo de respaldo ou estudo prévio, e que ela não serve para acelerar parto.




Imagem: Google

Sobre a manobra de Kristeller eu prefiro nem comentar, de tão absurda e arriscada que ela é, para mãe e feto. Mas tá, vai lá, copiado deste site: http://www.euqueropartonormal.com.br/eqpn/tag/kristeller/.


"Outra intervenção que tem como única finalidade diminuir o tempo do trabalho de parto e consiste em empurrar a barriga da mulher com o antebraço ou as duas mãos e há inúmeros depoimentos de mulheres dizendo que o anestesista ou a enfermeira “subiu na barriga”. Ainda hoje, é muito comum escutar do anestesista ou de uma das enfermeiras “na próxima contração, eu vou te ajudar a fazer força” e aplicar a manobra.


Imagem: Google

Esta manobra é extremamente dolorosa, perigosa e desaconselhável.  De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma conduta claramente prejudicial e ineficaz e que deve ser eliminada. Esta manobra aumenta o risco de laceração grave, pois faz com que a saída do bebê seja mais rápida e forçada do que naturalmente, não dando chance ao períneo de se adaptar ao movimento normal, aumentando enormemente a chance de rupturas severas de períneo, ainda que tenha sido feita uma episiotomia. Além disso, há relatos de mulheres que tiveram fraturas ósseas (costelas quebradas), laceração de órgãos (baço), hematomas, bebês machucados e até mortos por conta desta manobra."

Portanto, diante do descrito, segue abaixo na íntegra o art. 129 do Código Penal. Procurem a Defensoria Pública, procurem um/a advogadx, procurem o Ministério Público, enquanto ainda não temos uma lei ESPECÍFICA sobre Violência Obstétrica, é bom ficarmos sabendo que temos uma lei a nosso favor, e essa lei não é fraca não.

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Código Penal - CP - DL-002.848-1940

Parte Especial

Título I
Dos Crimes Contra a Pessoa

Capítulo II
Das Lesões Corporais

Lesão Corporal
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Lesão Corporal de Natureza Grave

§ 1º - Se resulta:

I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

§ 2º - Se resulta:

I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

Fonte: http://www.dji.com.br/codigos/1940_dl_002848_cp/cp129.htm


Mais fontes de estudo:

http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/11/estudando-cesarea-desnecessaria.html
- http://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VCM%20367.pdf
http://www.cmdiadema.sp.gov.br/PLidos/PL077-2013.PDF
http://www.ans.gov.br/portal/site/_hotsite_parto_2/oper_prest_evidencias.asp

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Um foto-relato de parto: Laís e Diogo, nascimento de Heitor.

Existem muitas maneiras de se relatar um parto. Pode ser verbalmente, pode ser por escrito, com ou sem fotos ilustrando. Laís preferiu fazer diferente (e não menos emocionante), sempre acompanhada do companheirão Diogo, ao relatar o parto domiciliar de Heitor: fotos com palavras ilustrando. Um belíssimo 'foto-relato' de parto, de um lindo e empoderado VBAC* domiciliar, que aconteceu no dia 01 de abril de 2013.

Parto acompanhado pelas Enfermeiras Obstetras Tatianne Cavalcanti Frank e Suzely Aragão (parteiras amadas do meu coração) e pela Doula aqui que vos escreve, sempre emocionada cada vez que abre essas imagens.

As imagens dizem tudo. Deliciem-se.

DICA: clique na primeira foto para ver mais ampliado, e depois vá passando com a seta da direita do teclado.

















































*VBAC: Vaginal Birth After Cesarea (Parto Normal Após Cesárea)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Encontro Ishtar: 15 de fevereiro: A DOULA

Para conhecermos melhor as atribuições desta profissional cujo foco principal é o bem-estar da mulher que está em trabalho de parto.

Tem até poema para ela.

Ser Doula é servir. Com amor.




DOULA

Um mar de águas calmas dentro de mim
durante um breve e sublime tempo.
Uma gota de sangue e,
de repente, o mar de águas
- antes calmas –
transforma-se
em frondosa cachoeira.

O aviso da chegada
de quem foi sempre amado
e aguardado com tantos
anseios, dúvidas, medos.

Chegam junto pequenos abraços.
Ainda aqui dentro.
Porém, chega o tempo
em que as ondas do mar
- antes calmo -
começam a mostrar sua força.
E aumenta o medo
daquilo que não se conhece,
daquilo que está por vir.

Mas entra o antimedo,
pela porta, em minha vida.
Em nossas vidas.
Palavras de conforto,
atitudes exatas,
aliviam a força
das ondas,
aliviam a chegada
do medo.
Mãos que antagonizam
o efeito das ondas.
Palavras que destroem
o efeito do medo.

Serviência a quem está
prestes a entrar
em um novo mundo.
Mãe e filho,
muitos abraços,
mais fortes,
mais frequentes.
E, junto aos abraços,
mãos mágicas
Que transformam a dor
na magia da chegada.

Antes o mar calmo,
a gota de sangue.
Depois a cachoeira,
junto às fortes ondas.
Agora o fogo da chegada.
Natureza pura e simples,
como tem que ser.

Não há sofrimento,
não há invasão,
não há erros.
Só há conforto,
incentivo
e alívio.

Vieste servir
ao início sublime
de muitas e
novas vidas.
Doula, doa.
Dor, amor.
Tudo junto.
Doula doa Amor.
Doula do Amor.


Paty Sampaio (em homenagem a minha doula Nelia e a todas as doulas da cidade)


Recife, 16/07/11