O parto hospitalocêntrico se configura como uma forte expressão do machismo na nossa cultura.
Simbolicamente, religiosamente e culturalmente, é por aí mesmo. A Bíblia já falou na 'dor do parto' como punição para o 'pecado capital', as mulheres pagam pelo 'pecado do sexo'.
Sabem por que? O parto sempre foi um evento exclusivamente feminino que os homens NUNCA conseguiram controlar, durante toda história da humanidade. Aí veio a medicina intervencionista (que era feita e pensada APENAS por homens em seu princípio) e patologizaram o parto, a fim de tentar controlá-lo. Determinaram uma série de rituais - hoje são as conhecidas 'rotinas hospitalares padronizadas' e, na maioria das vezes, desnecessárias, como a raspagem dos pêlos pubianos, o rompimento precoce da bolsa, a episiotomia, a posição deitada como sendo obrigatória, as mãos presas, a cesárea desnecessária e desinformada, até o próprio endeusamento da figura do médico - que servem para mostrar a ela quem 'tem' que estar no comando, acabando com todo o protagonismo da mulher sobre seu próprio corpo e, consequentemente, sobre seu parto.
Hoje ninguém pensa muito como tudo isso começou, mas está tudo lá, na Antropologia. É só parar para pensar.
Porém, mesmo com tantas tentativas de controle sobre o corpo da mulher, o parto continua sendo um evento incontrolável. Daí, o aumento da quantidade de bebês prematuros nas UTI's neonatais em consequência do excesso de cesarianas agendadas prematuramente, além da quantidade de partos normais 'traumáticos', que querem fazer crer que a mulher é essencialmente 'defeituosa'.
Não precisa ser assim. Não TEM que ser assim. Basta a Mulher se informar, se empoderar e tomar de volta aquilo que SEMPRE pertenceu a ela.
Em tempo: a tecnologia é ÓTIMA e pode salvar muitas vidas, em casos específicos. O problema é o mau uso dela e a crença na incapacidade do corpo da mulher.